sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A elegância argentina se despede

Em 2002, este blogueiro era um garoto que sonhava ser jogador de basquete profissional. Eu atuava pela equipe infantil de Assis, era um dos armadores do time que foi vice-campeão da Liga Oeste Paulista da temporada.

Quando os treinos acabavam, entre agosto e setembro daquele ano, corria par a casa de um companheiro de time, Guilherme, o único da galera que tinha ESPN em casa. Saíamos da quadra, pegávamos a bicicleta e menos de 10 minutos após o treino ter acabado já estávamos em frente a TV, assistindo ao Mundial de basquete masculino de Indianápolis.

Pouco informado que era, fui apresentado ali a Pau Gasol, Bodiroga, Dirk Nowitzki, entre outros. Porém, fiquei apaixonado pelo time argentino que fez 78 a 67 no Brasil. A partir daquele jogo, minha referência não era mais a NBA, era Sanchez, Sconochini, Ginóbili, Scola e Oberto(foto).

Os dois últimos passaram a ser meu modelo de dupla de pivôs, jogadores de tábua que sabem pensar, ler e sentir o jogo de basquete.Sobre o Scola todos já falaram, ainda mais após a atuação de gala na eliminação brasileira do mundial deste ano, mas Oberto também era fantástico .Enquanto Scola deslisava no garrafão, Oberto abria as clareiras dos rebotes, fazia o famoso pêndulo no poste baixo, sempre pronto para receber assistências. Fabrício Oberto tinha o dom de jogar embaixo da cesta, mas sem precisar ficar trombando, batendo as costas nos adversários. Ele sempre soube ser xerife, mas nunca perdeu a classe, ostentando seus cabelos loiros e sua pinta de galã.

Ontem, Oberto anunciou que está encerrando a carreira devido a problemas cardíacos. O jogador que possui um anel de campeão da NBA, pelos Supurs, disse ter se sentido mal durante um jogo entre seu atual time, Portland Trail Blazers e o Milwaukee Bucks, no início da semana. Com 35 anos, Oberto disse que tomou a decisão pensando na família.

Precocemente, já que o pivô tinha lenha para queimar na NBA e até por mais alguns anos no basquete argentino, Oberto passa a ser lembrado como um verdadeiro leão em quadra, mas que tinha uma baita elegancia ao rugir. O basquete mundial, principalmente o argentino, lembrará dele como parte da inesquecível geração dourada de 2004.

Obrigado pelos serviços prestados, Oberto!

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